quinta-feira, 31 de março de 2011

DEPOIS DA ESTREIA #8 - O DISCURSO DO REI


Título original: (The King's Speech)

Lançamento: 2010 (Inglaterra)

Direção: Tom Hooper

Atores: Colin Firth, Helena Bonham Carter, Geoffrey Rush, Michael Gambon.

Duração: 118 min

Gênero: Drama


*****ATENÇÃO, CONTEM SPOILERS DO COMEÇO AO FIM*****
Filmes indicados ao Oscar normalmente são supervalorizados e estimados alem da sua capacidade. “O discurso do rei” passa bem perto dessa máxima. Sua historia é muito bem realizada, dirigida e as atuações são muito bem executadas. O “tema” é algo muito pouco explorada no cinema em geral, e só por isso já vale a oportunidade de vê-lo, lembro de poucos filmes que tratam dos problemas reais de alguém “normal” que tem de superá-los de maneira sobre-humana por ter de desempenhar um papel quase imortal – neste caso a realeza. Os problemas do homem comum podem ser os mesmo do nobre, a figura do personagem de Geoffrey Rush como mentor é impecável e de certa forma até ofusca o vencedor do Oscar Colin Firth. Talvez se realizado em outra época, eu teria me surpreendido com “O discurso do Rei”, mas em comparação com seus rivais no Oscar, como “Black Swan”, acaba perdendo em profundidade e diversos outros quesitos.

Isso não é costumeiro, mas o primeiro parágrafo foi escrito no dia 31 de março, e os próximos no primeiro dia de abril.

Em determinado momento, o agora rei da Inglaterra assiste a um discurso de Hitler - pouco antes dele (o rei) proclamar guerra a Alemanha - e assume que o austríaco era bom de retórica. Esse paralelo é o mais interessante do filme, pois "Herr Hitler" seria apenas um artista frustrado - como o mentor do protagonista - que atingiu um patamar altíssimo graças inclusive - entre outros fatores - o seu dom com a palavra, já o antes herdeiro do real e ainda resignado coroado tinha que conviver com o seu defeito, a gagueira que poderia ser interpretada como sinal de fraqueza pelos que o cercavam, de fato foi encarado assim. O seu "sangue azul" não o poupou desta desgraça e ainda assim por ser rei, tinha que levar o império à frente, este ponto destaca a história do costumeiro e por isso vale ser visto, apesar de que o enfoque poderia ser bem mais forte.

Com este parágrafo acima, eu entrei em total contradição com a primeira impressão que tive do filme. Erro meu, precipitação, e o fantástico do cinema é justamente isso, ser a forma artística em que mais facilmente se distingue a evolução do público em relação à interpretação da mensagem. "O discurso do rei" é único, bem feito e realizado com muito capricho e esmero, e não como negar seus méritos.

PS.: O filme tem sim profundidade, ao contrario do que este ignóbil que vos fala afirmou no começo.

PS2.: Desculpas pedidas por esse erro de julgamento, afirma que ainda considero "Cisne Negro" superior em trama e direção, o que em nada denigre este "Discurso do Rei".

quarta-feira, 30 de março de 2011

DEPOIS DA ESTREIA #7 - O VENCEDOR


título original: (The Fighter)

lançamento: 2010 (EUA)

direção:David O. Russell

atores:Mark Wahlberg, Christian Bale , Amy Adams, Melissa Leo.

duração: 114 min

gênero: Drama


*****ATENÇÃO, CONTEM SPOILERS DO COMEÇO AO FIM*****

Com atuações muito convincentes e uma história muito bem narrada, “O vencedor” foi para mim uma grata surpresa. Por mais que contasse com Mark Wahlberg como protagonista – considerando os últimos erros dele no cinema – este não comprometeu, não foi tão bem por exemplo como em “Os Infiltrados” de Scorsese, mas desempenhou bem o papel do pugilista Mick. Além disso, estava muitíssimo bem acompanhado com os 3 indicados (e 2 ganhadores) ao Oscar de ator/atriz coadjuvantes Christian Bale, Melissa Leo e Amy Adams. Todos foram bem desempenhados, mas nada se compara ao ex-boxer viciado em crack interpretado por Bale, tanto nas horas de “porraloquice” em que está chapado, ou fugindo pela janela para que sua mão não o veja, ou travando uma luta de rua com inúmeros policiais, depois de uma longa perseguição é claro... Ele põe o filme no bolso, e tem total liberdade para fazer um cara “destruído”, coisa que não poderia fazer com o Batman.

Mick, o personagem principal além de sua carreira tem que lidar com o vicio em crack do irmão/treinador que nunca aparece por estar chapado, tem que conviver em paz com uma namorada que cobra muito dele, com uma família gigantesca que cobra mais ainda, com as comparações ao irmão e sua antiga carreira, crescimento e reconhecimento que nunca teve... E isso foi muito bem explorado e contado por David Russell. Não tem muito a ver com os filmes do Sly como “Rocky” – a não ser na luta final que Mick abre a guarda e quase “chama” o adversário como cansou de fazer Balboa – tem muito mais de “Touro Indomável” apesar da temática ser bem diferente, enquanto a película de Scorsese fala sobre a decadência de um lutador, o filme de Russell trata de uma historia com inúmeras superações, ponto parecido com os filmes de Stallone, só que dessa vez, bem mais real. vale muito a pena ser visto.

segunda-feira, 28 de março de 2011

DEPOIS DA ESTREIA #6- SUCKER PUNCHER : MUNDO SURREAL



título original: (Sucker Punch)


lançamento: 2011 (EUA)


direção:Zack Snyder


atores:Emily Browning, Vanessa Hudgens, Jena Malone, Carla Gugino.


duração: 110 min


gênero: Ação




*****ATENÇÃO, CONTEM SPOILERS DO COMEÇO AO FIM*****
Zack Snyder é um diretor que teve uma exposição muito grande e cedo demais, apesar de ser pequena sua filmografia, já conta com grandes sucessos de público ao menos. Bem ou mal, “Madrugada dos mortos” não foi um remake mal feito, apesar de igual ao original ter só uma parte do argumento e o nome, “300” foi muito bem executado, uma historia simples de Frank Miller foi transformada num épico. Snyder não acertou a mão em “Watchmen”, por não ter feito quase nenhuma adaptação e o que foi modificado não caiu bem. Sobre “A lenda dos guardiões”, não assisti por isso não posso opinar, mas este novo, “Sucker Punch” não mostra muito a que vem, tem partes excitantes como algumas – bem poucas – cenas de luta e semi-performances das “meninas”. Para um filme que apela a todo o momento para trajes curtos em mocinhas com cara de ninfetas, pouco seduz, pois não há nenhuma cena de fato arrebatadora com nenhuma das muitas meninas bonitas do filme. A primeira cena de luta/RPG que Emily Brown é totalmente nonsense e absurda, uma menininha de pouco mais de um metro e meio, passa por dois robôs samurais gigantes, sendo que um deles carregava uma metralhadora maior que ela, e mata o adversário com um tiro de pistola na cabeça, após uma manobra no ar... Pelo amor de Deus. As suas aventuras mentais poderiam ter sido mais elaboradas e feitas com um sentido mais amplo, as ambigüidades nos sonhos são muito fracas e não deve gerar no espectador uma curiosidade tão grande, aliam-se a isso mortes banais de personagens que hora são importantes e em instantes são descartáveis, fazem a historia se adequar mais a um videoclipe do que uma película americana. O conteúdo dos sonhos, no que concerne as “batalhas de RPG” até tentam alcançar a que assiste apelando para lutas contra robôs, dragões, orcs, todas portando roupas minúsculas, mas sem nudez – o que sinceramente eu não entendi. Os cenários foram muito bem feitos, o que dá um certo alento para o novo filme do Superman, talvez dessa vez será visto uma Krypton bem feita. Mas voltando a pauta, “Sucker Punch” só se salva por causa da porralouquice, no mais não convence.

PS.: é impressionante como Carla Gugino sendo extremamente atraente, é pouco utilizada nisso por Zack Snyder, que sempre a põe num papel de polonesa.


APENDICE: Ao escrever a resenha, consegui esquecer de dizer as maiores impressões que eu tive sobre o filme. A primeira foi o excesso de cenas com slow motion, entrava qualquer personagem no recinto e havia uma lentidão absurda. Segundo que as personagens que "trabalhavam" no bordel dos anos 50 eram demasiadamente pudicas, achavam que seduziu um cliente "lambendo" o pescoço era muito absurdo...

quinta-feira, 24 de março de 2011

DEPOIS DA ESTREIA #5 - O SEQUESTRO DE UM HERÓI


título original: (Rapt)

lançamento: 2009 (Bélgica, França)

direção:Lucas Belvaux

atores:Yvan Attal, Anne Consigny, André Marcon, Françoise Fabian.

duração: 125 min

gênero: Drama

***** ATENÇÃO, CONTEM SPOILERS DO COMEÇO AO FIM *****

Para que um filme dê certo, é necessária uma enorme série de fatores. Direção, fotografia, trilha sonora, elenco, divulgação... Quando esses quesitos estão sintonizados, transforma a obra em algo único, quando múltiplas dessas características funcionam, a película é boa, só no filão de filmes de ação, há um sem número exemplos em que o diferencial não é direção ou atuação, mas sim o carisma do elenco. Neste “Rapt”, o “não-êxito” é justamente na divulgação, fator tão forte em filmes Stallonescos e Vandammescos. Erro esse possivelmente deve ter sido exclusivo do Brasil, pois infelizmente o cinema francês não é tão divulgado quanto o norte-americano (é até desigual a comparação).

“O sequestro de um herói” acerta demais, não apela para erros tão corriqueiros, é novo mesmo num tema tão abordado já, te atuações pontuais, personagens verossímeis e principalmente humanos. O título que o filme recebeu aqui talvez engane, pois o protagonista é tão falho quanto todos os outros. O seqüestrado é um bon vivant, gastador absurdo, jogador viciado e altamente “depravado” sexualmente, não teria nada para ser apontado como exemplo, é deprimido e mesmo ao ser libertado continua se sentindo cativo, seja pelos que o cercam, ou pela chantagem que os seus seqüestradores e algozes impõem ao mesmo.

Se não há uma grande trama/história/aventura por trás do seqüestro – pois o motivo foi monetário – o filme compensava com uma realidade absurda, com pessoas reais numa situação que poderia sim acontecer, e não é pretensioso em momento nenhum, ao contrário de outro filme de 2010, um ano depois de “Rapt”, chamado a “A origem”, que pretensamente era uma história mais densa, de ficção científica mesmo, ma se perde tentando realizar um filme assalto, onde não obtém êxito em momento algum. “Rapt” é simples e visceral, porque quer ser assim, e por isso tem um êxito tão grande, pena não ter uma campanha de marketing tão presente como de “Inception” no Brasil, ser lançado somente agora, sendo que foi exibido em 2009 é de uma infelicidade muito grande, pois é muito superior a maioria de seus "equivalentes” atuais e de dois anos atrás.

quarta-feira, 23 de março de 2011

DEPOIS (bem depois...) DA ESTREIA #4 - CISNE NEGRO




***** ATENÇÃO CONTEM SPOILERS DO COMEÇO AO FIM *****

Antes de ver este “Black Swan”, dei uma rápida olhada na filmografia de Darren Aronofsky. Vi desde “Pi”(1998), até “The Wrestler- O lutador” (2008), e me surpreendi demais com “Requiem for a Dream- Réquiem para um sonho” (2000), achei uma viagem absurda, uma explanação muito direta ao vício, perturbador... Por cair no velho erro de ouvir a opinião de outros antes de experimentar algo em que eu depositava expectativa quase – raspando – fui com o conceito já deturpado do filme, não achava que seria um fracasso, mas sim uma repetição de “Requiem”.... e não foi.
“Black Swan” é simplesmente único, mexe com dualidade, conflito existencial e psicológico, dupla personalidade, e não precisou fazê-lo com violência como em “Fight Club” – até porque tanto em um quanto no outro isso é pano de fundo na história.
Talvez para um nicho – possivelmente composto por puristas, religiosos e/ou sexualmente reprimidos ao extremo o filme seja ofensivo, longe disso em minha visão, a narrativa é bem feita, os personagens são bem delineados, fogem da superficialidade tão em voga nos filmes atuais – o papel de Vincent Cassell (http://www.adorocinema.com/atores/vincent-cassel/) se encaixa perfeitamente, como sedutor/mentor, talvez para o espectador menos atento ele tenha parecido uma espécie de vilão, e até o é, mas mistura-se também com o arquétipo de inspirador. A mãe da protagonista faz muito bem a vez de representação da culpa e do recalque, e até a personagem de Mila Kunis, com a semipersonificação da liberdade que a protagonista quer ter. Natalie Portman, nem merece ser comentada, somente assistida, pois está soberba, encaixa-se perfeitamente no duplo papel, alternando entre uma garotinha sonhadora, e um “furacão” que é o cisne negro.
“Black Swan” é um filme para ser revisto, e não como explicá-lo sem tê-lo visto, e isso em uma obra audiovisual é maior elogio que qualquer estatueta dourada – e de clichês é o máximo que usarei.

segunda-feira, 21 de março de 2011

DEPOIS DA ESTREIA #3 - INVASÃO DO MUNDO- BATALHA DE LOS ANGELES



World Invasion - Battle: Los Angeles
Ano de lançamento: 2011 (EUA)
direção:Jonathan Liebesman
atores:Aaron Eckhart, Michelle Rodriguez, Michael Peña, Bridget Moynahan.
duração: 106 min
gênero: Ficção Científica / Ação


***** ATENÇÃO CONTEM SPOILERS DO COMEÇO AO FIM *****



Para quem viu menos de 5 filmes de guerra, e de invasão alienígena talvez esta seja uma boa opção. “Invasão:a batalha de Los Angeles” conta a historia de um grupo de soldados americanos (marines), que atenderiam a um pedido de socorro em LA, que na verdade seria uma invasão alien mundial. O filme faz uso de handycam, visão em primeira pessoa para maior aproximação do público- algo realmente necessário , visto que os personagens não tem muito carisma, fato que dificulta lembrar dos nomes deles depois do fim da história.
Quando a historia é boa, se justifica todo e qualquer clichê, mas quando ela não existe, esse artifício parece fabricado para disfarçar tal fato. Soldado herói que se sacrifica, soldado herói que se sacrifica por culpa, soldado heróico que se sacrifica por culpa e volta ileso – e o roteiro não é do Stallone – falso fim da trama para no final das contas o grupo armado voltar a campo – inúmeras vezes - , esconder o “inimigo” interplanetário até metade do filme, e depois mostrá-lo sem propósito...tudo isso enfraquece o filme e o torna irritante. Numa dessas cenas, um dos marines pega um Et, e leva para a sua base, uma veterinária encontrada entre os civis – quanta sorte – vai “analisá-lo”, os soldados sem o menor cuidado abrem a carapaça do alien na porrada, sem proteção, sem precaução nenhuma, como se soubessem que nada ocorreria, se existisse uma bombinha ou estalinho, mataria todo o grupo de resistência.
O final tenta justificar toda as lambanças e clichês, mostrando Los Angeles devastada, e terminaria bem assim, mas o senso heróico e a vontade de redenção do personagem principal – Aaron Eckhart , com um papel superficial para sua carreira – que antes era encarada como covarde, mostra mais uma vez que o importante é acreditar, e que verossimilhança não é tão importante assim. Numa resenha li que este filme foi comparado a um “Platoon” no espaço, longe disso, pois no filme de Oliver Stone, os personagens eram muito mais reais, não como nesse.

A ação não deixa de ter seu exito, principalmente por causas dos efeitos visuais, mas não salva o filme do despontamento geral que é.


PS.: Faltou só um pequeno cliche- aliás 2 - o primeiro foi nudez explicit...realmente não rolou - o segundo tem a ver com um "artista" - no caso Michelle Rodriguez - que solucionaria o cliche primario - pois nesse filme, por incrivel que pareça, não aparece uma palhinha das suas intimas partes traseiras...Parabens!

quinta-feira, 17 de março de 2011

DEPOIS DA ESTRÉIA #2 - RESTREPO


Restrepo
Gênero: Documentário
duração: 1 hr 34 min
Ano de lançamento: 2010
Direção: Tim Hetherington, Sebastian Junger

***** ATENÇÃO CONTEM SPOILERS DO COMEÇO AO FIM *****

Um relato de alguns soldados americanos, em 2007 e 2008, no Afeganistão, em meio a uma guerra que a maioria não escolheu e bla bla bla...
È esse o tema central do documentário “Restrepo”, a historia é narrada pelos próprios sobreviventes, parte em “campo”, e parte em entrevista. O nome do filme é o mesmo da “base” onde ficaram os personagens, que por sua vez é chamada assim em homenagem a um dos soldados mortos, durante o decorrer do filme: “Doc Restrepo”. A parte interessante da trama é durante a entrevista com os jovens soldados, a maioria perplexa e traumatizados, tendo seu ponto mais alto na declaração de um dos personagens dizendo que não há um programa de reabilitação de soldados a realidade civil, pois as últimas guerras em que os Eua se “meteram” foi há muito tempo (Segunda Guerra Mundial e Vietnã), curioso é que mesmo após o combate vietnamita, parece não ter tido uma real realocação dos antigos combatentes, sendo a maioria execrada e responsabilizada pelos “massacres” impostos aos asiáticos, quando quem dera as ordens não eram tão criticados quanto os “pobres soldados”. Restrepo não tenta fazer muito julgamento de certo e errado, ou da motivação de tal combate, foca na ponta mais frágil da corda, e nisso acerta em cheio, pois as historia retratadas são capazes de tocar o espectador. No entanto não há nada muito inédito nisso, visto que há um sem número de produtos muito parecidos com este.
Tecnicamente, em fotografia e captação de imagem é impecável, pois as câmeras tremidas, acompanhando o tiroteio e ação pela qual o pelotão passa é muito visceral, mas é pouca, não há muito desses momentos – o que acredito ter sido algo intencional, visto que foi dada maior atenção às tramas emocionais entre os soldados. Curioso é um dos alistados falando que seria filho de hippies, e que cresceu sem contato quase nenhum com linhas de entretenimento ligados à guerra e violência, raramente podendo ver filmes sobre guerras, e sem brinquedos que remetessem ao assunto – conta inclusive que teria uma pistola d’água que foi tirada dele pelos pais por conter no brinquedo a inscrição “pistol”, interessante contraste com sua situação atual. Este mesmo rapaz fala que ao se comunicar com seus parentes omitia os “horrores” dom campo de batalha, como tiroteios e mortes dos amigos.
Num dos barracos de “restrepo”, havia um desenho de um elmo vermelho, com uma inscrição embaixo “Spartans” (espartanos), e uma frase fazendo alusão a Restrepo e a outro soldado morto.
Como entretenimento, “Restrepo” vale a pena ser visto, é pouco propagandista e demonstra bem como a “ganância” da alguns afeta tantos outros que nada tem a ver com isto.

terça-feira, 15 de março de 2011

DEPOIS DA ESTREIA #1 - DOCE VINGANÇA

I spit in your grave- Doce vingança
Genero : Terror
Duração : 107 minutos
Ano de Lançamento: 2010
Diretor: Steve R Monroe
Elenco: Sarah Butler, Jeff Branson, Andrew Howard, Daniel Franzese

***** ATENÇÃO, CONTEM SPOILERS DO COMEÇO AO FIM *****

"I spit in your grave" ou "Day of the woman ", filme de Meir Zachi, conta uma historia extremamente agressiva e escatológica, conta a história de uma jovem nova iorquina que se retira em uma casa no campo para escrever um romance, e nesse ínterim , sofre de estupro para depois vingar-se de maneira cruel e sanguinária de seus estupradores. Nesta sexta-feira (11/12) estreou nos cinemas brasileiros a refilmagem "Doce Vingança" - de mesmo nome (em ingles) que o original (o primeiro no Brasil foi batizado de "A vingança de Jennifer").

Ao assistir o filme de 1978, o começo não tem nada de inovador, a jovenzinha vai a casa isolada na floresta, se "insinua" aos "capiais" (pelo menos na visão deles), nada nua no rio, passeia de biquíni pela mata... Isso tudo antes de "Sexta-feira 13"- 1981. Entre os fatos interessantes do filme - super datado por sinal - estão o título no Brasil - esclarecedor e com um spoiler gigantesco, uma arma jogada em uma gaveta e a costumeira mania de subestimar o morador do campo - principalmente do espectador ao achar que jamais o "caipira" poderia prejudicar o homem urbano. Apesar dos estereótipos de personagens - os estrupadores - o filme tem bons méritos. É semi-pornográfico sim, tem violência extrema também e roteiro ralo, mas por incrível que pareça tanto a nudez quanto a violência estão muito bem encaixadas, e salvo a primeira morte do filme, em que a protagonista puxa uma corda entre as árvores para enforcar uma de suas "vítimas", todas são muito bem feitas apesar delas serem "na água" - a primeira numa banheira - Jenniferpassa um facão nas *#$ do rapaz, ele nem percebe, fala que a dor o está excitando e só percebe o apuro quando vê o sangue na água, nisso Jennifer já saira do banheiro e o trancou - tudo isso depois dela fingir que estava excitada com ele.

O filme pode até ser considerado de mau gosto, mas a idéia de uma mulher estuprada revidar dessa maneira a violência que sofreu é muito boa, e justiça com as próprias mãos é um assunto que já rendeu muito no cinema. Quando fui ver a refilmagem, sofri um misto de apreensão e quase certeza de que veria um fiasco como quase todas as outras refilmagens de filmes de terror que vi ultimamente.

Este "Doce vingança", diferente da minha maior expectativa faz jus ao original, mesmo tendo um formato mais de "horror teen" como os atuais "Saw- Jogos mortais", só que muito superior. Meir Zachi diretor do original produziu o filme, que foi até bem fiel, mas não como mera cópia. A protagonista, assim como Camille Keaton (a Jennifer original), Sarah Butler também não compromete. Mas os erros em ambas as partes são bem parecidos. Se no filme de 78 os estupradores são extremamente estereotipados, aqui eles são urbanos demais em comparação aos caipiras do primeiro, perde um pouco do "não levar fé" que eles fariam isso, e se Jennifer o primeiro já era forte, aqui ela é rainha das amazonas, ela imobiliza dois homens quase simultaneamente, e os tortura - de uma maneira que só um nazista conseguiria - depois nocauteia outro homem e o amarra a correntes, para arrancar os dentes e depois castrá-lo, além de no final, atacar um policial armado na parte de trás do carro - coisa que nem o Chucky(brinquedo assassino) conseguiu direito - tudo para ...bom ai já é spoilerdemais. Tudo isso ela faz e ainda mantém o cabelo e maquiagem impecáveis, isso sim é ser psicopata, sobreviver a dois estupros é tranqüilo, perto de conseguir manter uma aparencia de modelo num casebre que não tem espelho ou papel higiênico. Isso tudo colabora com a pergunta que rola durante o filme, se Jennifer já podia fazer isso tudo, por que permitiu que os outros personagens a violentassem?

Bom, de qualquer forma para quem não tem medo de sentir nojo, de ver assassinatos sangrentos e criativos, clichês mil, e quer desligar o cérebro ir ao cinema e ver um filme de terror decente, se divertirá muito mais com este aos lançados recentemente "a hora do pesadelo" -2010 e "sexta-feira 13"- 2009. Mentirada, escapismo, tortura e não é o James Bond de Daniel Craig.

sexta-feira, 11 de março de 2011

ADAPTAMENTO - # 01 - BRUNA SURFISTINHA


Sem muita “vergonha” ou julgamento de valores, tive curiosidade de ler” O doce veneno do escorpião”, biografia da ex-garota de programa Bruna Surfistinha, sem demagogia, o fiz pela aproximação da exibição do filme, que até agora é o primeiro blockbuster brasileiro do ano. Tentei lê-lo da maneira mais crua possível e me abster de qualquer opinião externa – tarefa difícil no meu caso, pois antes de eu terminá-lo uma pessoa próxima a mim já o tinha feito e tentava “despejar” sua visão do livro. Achei que o conteúdo seria bem mais carregado de escatologias e desventuras sexuais do que realmente foi a começar pelos cortes dos palavrões – que acredito ter sido feito a pedido da editora, posso estar errado. Raquel era uma menina gordinha, que no decorrer de sua adolescência descobre ser adotada, acaba se envolvendo com um rapaz no colégio que propaga que algo teria rolado entre eles- na verdade nada mais que sexo oral – fazendo-a “ganhar fama sem deitar na cama”. Entre outros problemas típicos de um adolescente como complexo de inferioridade por ser “gordinha” – como ela mesma se classificava – sofreu de bulimia e praticava furtos mesmo sem necessidade, pois era de uma família abastada e liberal com relação a dinheiro. Depois de uma briga feia com os pais, decide se tornar garota de programa, e o livro narra os seus serviços, popularização, 15 minutos de fama, o nascimento de seu blog etc. O livro é um depoimento da protagonista a Jorge Tarquini.

O filme que estreou 25 de fevereiro, dirigido pelo estreante no cinema Marcus Baldini. Sobre seu papel, não comprometeu e desempenhou bem seu trabalho, já com relação a protagonista Deborah Secco, houve acertos muito bons e erros tão grandiosos quantos. A atriz é indiscutivelmente sensual, e talvez nesse ponto é que tenha destoado tanto da “Bruna original”. O enredo se focaria mais na vida adulta de Raquel Pacheco, já como garota de programa, mas no começo do filme, ver Deborah vestida tal qual uma menina de 17 anos, torna-se total oposto a menina gordinha complexada “sem peito” e ainda reprimida sexual que era Raquel. A idade poderia ser um problema, pois a atriz hoje teria 31 anos (novembro de 1979) enquanto Bruna Surfistinha teria se aposentado na faixa de 21 anos, e o personagem do irmão que não existia no livro, que só poderia estar ali com uma boa razão, coisa que não acontece... Mas isso passa, licença poética ou liberdade criativa como queira. Mas a falta de enfoque nos complexos de Raquel, a passagem totalmente superficial em seus problemas com furto e cleptomania prejudica a construção do personagem, se houvesse maior enfoque nisso poderia ter maior profundidade. Outro pecado foi a abordagem dos casos bizarros dos clientes, que tiveram seu lado cômico – ótimo- mas pouco explorado em relação a taras, desejos reprimidos dos mesmos e exposição das carências e confissões dos mesmos – fato este que motivaria o interesse da protagonista por psicologia. Um dos motivos que fez a personagem sair de casa foi a necessidade por independência, principalmente dos pais, na película a relação dela com os pais quase que não tem nada de conturbado antes desta sair de casa.

Com relação à nudez, existe e não é gratuita, não há como falar de prostituição sem mostrar o ato em si. Confesso que achei que as cenas seriam abrandadas por ser um filme produzido por um “grupo” que costuma fazer de seus produtos algo bem mais comercial que o de costume, mas continua sendo um “enlatado”, apesar de o tema ser polemico, foi discorrido de maneira rasa, e provavelmente chamou mais atenção pela curiosidade do que pela trama existencial em si. Em determinados momentos – na parte em que a personagem sofre uma “decadência” inexistente até então no livro – quando abusa do uso de drogas, ele tenta demonstrar um pequeno julgamento de valores, tentando demonstrar que o declínio é intimamente relacionado ao proibido, mesmo para alguém que faz “programa”, assim como o final contando a aposentadoria da protagonista... Como dito antes, difere em alguns pontos cruciais do livro, mas em qualidade, é quase equiparado.

PS.: Na minha sessão, a maioria era composta de casais, devidamente tensos.

PS 2.: Para minha surpresa, a única pessoa desacompanhada era uma senhora por volta dos 50 anos, que ao contrário do meu “preconceito” não externou nenhum sinal de desaprovação moral.