sexta-feira, 19 de novembro de 2010

FILMES QUE NIGUEM QUER VER - #1

BLADE RUNNER - o caçador de androides
Ridley Scott - 1982






Blade Runner é um filme lançado ao cinema em 1982, dirigido por Ridley Scott, estrelado por Harrison Ford, adaptado do livro Do Androids Dream of Electric Sheep? de Phillip K Dick, teve sua produção extremamente conturbada por motivos que caberiam em um livro inteiro, e acabou lançado completamente diferente da visão que seus realizadores pensavam, com uma narração que já tinha sido descartada, sem algumas cenas que explicavam grande parte da pergunta central do filme e com um final feliz que não cabia de jeito nenhum na temática do filme, completamente pessimista de um futuro em 2019 em que o planeta estava completamente destruído e pouco agradável para o ser humano, fazendo com que quem tinha condições financeiras mudasse para outros planetas colonizados. Só por ai o tema já seria interessante de ser discutido, mas o foco é na existência de um tipo de andróide, os replicantes Nexus 6, que eram mais fortes física e intelectualmente que seus criadores, mas que em compensação tinham sua vida encurtada em 4 anos. Fabricados pela Tyrell Corporation (Companhia Rosen, no livro) em que o lema era “Mais humano que um humano”, transcende a idéia de Inteligência Artificial, para entrar num padrão “emocional mecânico”.


Fazendo um resumo de maneira bem reduzida, a história se passa com um policial que “aposenta” esses replicantes, que não deveriam vir a Terra, e nesse ínterim, os seres caçados passam a buscar uma forma de viver mais que os seus 4 anos habituais, deixando um rastro de sangue por onde passavam – característica extremamente humana. No livro de Phillip K Dick, fica claro que os “andróides” não teriam um comportamento de “comunidade”, eles não se importavam com seus semelhantes, no filme em momento nenhum se fala isso, mas deixa isso subentendido num primeiro momento. Para Alan Turing – matemático cientista de computação e muitos eteceras interessantes – a máquina poderia pensar, no caso do replicante, isso já é uma realidade, a grande duvida será, o Nexus 6 poderia ter sentimentos?


No caso de Roy Batty (interpretado magistralmente por Hutger Hauer) a resposta parece ser positiva. Seu papel no inicio do filme é de um líder e especialista em combate, que atrás de seu objetivo, assassina e tortura seres humanos, demonstrando total desprezo pela espécie, tudo isso atrás de seu criador, Tyrell – uma analogia obvia com a busca do homem com o seu criador. Roy Batty não busca mais tempo á toa, ele tem medo de morrer, tem sede de continuar vivo, e evolui com o passar do filme. No inicio da historia, um de seus asseclas morre, ele ao contar a Pris Stranton (outro replicante, vivida por Daryl Hannah, espetacularmente) demonstra um pouco de tristeza, e quando um outro Nexus é “aposentado” (com o mínimo de spoiler), ele chora de verdade, sem falar no seu ato final, poupando uma outra personagem, valorizando a vida que para ele já estava findando. Entre outras coisas, é uma analise da condição humana em geral, sempre errando, matando e destruindo tudo ao seu redor e no final da vida se arrepende e tenta preservar o pouco de vida que ainda resta.


A dúvida geral em relação à Deckard, personagem de Harrison Ford, fica em segundo plano para essa trama que não é nem um pouco óbvia. A maioria dos filmes que tratavam de IA e da disputa homem x máquina, demonstra os “robôs” tentando conquistar o mundo, escravizando a humanidade e se demonstrando superior, na maioria das vezes sem aniquilar de vez o homem, dando a ele a chance de se reestruturar para contra-atacar. Não que essa linha de pensamento esteja de toda errada, mas por vezes ela é apresentada de maneira superficial. Em Blade Runner, os andróides têm problemas humanos, querem somente viver, como os humanos normais, pois nem toda pessoa comum é Alexandre e Caio Julio Cesar e tenta conquistar o mundo.


No geral, Blade Runner é um filme extremamente humano, intrínseco e gera até um desconforto em quem está vendo, por ter uma lógica tão única e um pensamento tão forte. Por isso é tão especial, mas não tem tanta ação ou mulheres nuas suficientes para agradar a um grande publico ai sim seria bom pra galerinha ver, vamo lá?!

por Constanzo



2 comentários:

Lucas Vieira disse...

AAAAAH EU QUERO VEEER!!! rsrs

Lucas Vieira disse...

Então, estive numa Lojas Americanas ontem e comprei o tal DDD do Blade Runner. Achei o filme interessante, gosto de Sci-Fi. As cenas que me chamaram mais atenção foram justamente a que Roy se encontra com seu criador e a que o mesmo é "desativado". O replicante não demonstra ser uma máquina que almeja exterminar a raça humana, fica claro que seu intuito é viver. Não li o livro, mas no filme fica claro que os andróides parecem desenvolver emoções, vide a reação de Roy com a morte de Pris e também a relação que se forma entre Deckard e Rachael. Pelo que li no seu texto e pelo que vi no filme, parece realmente que faltou alguma coisa no filme. Outros contras são a curta duração (ou então o tempo passou muito rápido) e também a pouca luminosidade, achei as cenas todas muito escuras, mas isso me pareceu ser intencional. Abraços, Constanzo!